sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Meditando a Palavra de Deus - 24ª semana do Tempo Comum - 19/9/2014

1ª Leitura – 1 Coríntios 15, 12-20

Jesus Cristo, dando a vida em oblação ao Pai pela salvação do mundo, passou deste mundo para o Pai. Ao aparecer aos seus, ressuscitado, manifestou que vivia agora na glória do Pai. Na sua humanidade, Ele é agora o Ressuscitado. É em Cristo ressuscitado que se apoia toda a nossa fé e a nossa esperança. Ele é o Primeiro dos que morreram e que entram, como homens, na glória de Deus.

Paulo afirma com total convicção que a ressurreição de Cristo é fundamento da nossa fé e da nossa esperança. Foi isso que ele intuiu no caminho de Damasco. Foi essa a certeza que o amparou na dura vida apostólica. O Apóstolo encontrou-se verdadeiramente com Cristo vivo, com Cristo vencedor da morte. Dessa vitória, brota para todo o crente o dom de esperar, para além de toda as possibilidades humanas. De fato, Cristo ressuscitado é «primícias dos que morreram», é «o primogênito de muitos irmãos» (Rm 8, 29). Todos quantos acolherem, pela fé, a Cristo como Salvador, farão a experiência da ressurreição.

A esperança cristã baseia-se na certeza de que a morte foi vencida, de que a vida nova em Cristo foi inaugurada, de que, em Cristo, viveremos sempre a plenitude da vida, na totalidade do nosso ser humano: corpo, alma, espírito. A esperança cristã é uma esperança-dom, penhor de um bem futuro, que ultrapassará todas as previsões.

Evangelho - Lucas 8, 1-3

Na sua vida apostólica, Jesus é acompanhado pelos Doze e por algumas mulheres, de entre as quais Maria de Mágdala, que virão a encontrar-se de novo junto da Cruz, na sepultura do Senhor e diante do túmulo vazio, onde foram as primeiras a ver o Senhor ressuscitado. Porque O seguiram até à Cruz, também foram as primeiras a encontrá-lO na ressurreição.

• O evangelho de hoje continua o episódio de ontem que falava da atitude surpreendente de Jesus com as mulheres, quando defendeu a mulher, conhecida na cidade como uma pecadora, contra as críticas de um fariseu. Agora, no capítulo 8, Lucas descreve Jesus que vai de aldeia em aldeia e de cidade em cidade da Galileia. A novidade é que não só estava acompanhado pelos discípulos, mas também pelas discípulas.

• Os doze que seguem Jesus. Numa única frase, Lucas, descreve a situação: Jesus andava por cidades e povoados da Galileia, pregado e anunciando a boa nova do reino de Deus, e os doze iam com ele. A expressão “seguir Jesus” (cfr. Mc 1,18; 15,41) indica a condição do discípulo que segue o Mestre, vinte e quatro horas por dia, procurando imitar seu exemplo e de participar de seu destino.

• As mulheres seguem Jesus. O que surpreende é que ao lado dos homens estão também as mulheres que “seguem Jesus”. Lucas coloca discípulos e discípulas no mesmo patamar de igualdade, porque todos eles seguem Jesus. Lucas também cita os nomes de algumas destas discípulas: Maria Madalena, nascida na cidade de Mágdala. Ela foi curada de sete demônios. Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes Antipas, que governava a Galileia. Susana e várias outras. Delas se fala que “ajudavam a Jesus com seus bens”. Jesus permite que um grupo de mulheres o siga (Lc 8,2-3; 23,49; Mc 15,41). O evangelho de Marcos, falando as mulheres no momento da morte de Jesus, informa: Havia também algumas mulheres, que estavam observando tudo de longe, entre as quais Maria de Mágdala, Maria mãe de Tiago o menor e de José, e Salomé, que o seguiam e serviam quando ainda se encontrava na Galileia, e muitas outras que tinham ido com ele a Jerusalém (Mc 15,40-41). Marcos define a atitude delas com três palavras: seguir, servir, subir até Jerusalém. Os primeiros cristãos não chegaram a elaborar uma lista destas discípulas que seguiam Jesus como fizeram com os doze discípulos. Mas nas páginas do evangelho de Lucas aparecem os nomes de sete discípulas: Maria Madalena, Joana, mulher de Cuza, Susana (Lc 8,3), Marta e Maria (Lc 10,38), Maria, mãe de Tiago (Lc 24,10) e Ana, a profetiza (Lc 2,36), de oitenta e quatro anos de idade. O número oitenta e quatro é doze vezes sete. A idade perfeita! A tradição eclesiástica posterior não dá valor a este acento do discipulado das mulheres com o mesmo peso com que dá valor ao seguimento de Jesus por parte dos homens. É um pecado!

• O evangelho de Lucas foi sempre considerado o Evangelho das mulheres. De fato, Lucas é o evangelista que apresenta o maior número de episódio em que se destaca a relação de Jesus com as mulheres. E a novidade não é só na presença das mulheres ao redor de Jesus, mas também e sobretudo a atitude de Jesus para com elas. Jesus as toca e se deixa tocar por eles, sem medo de se contaminar (Lc 7,39; 8,44-45.54). Bem diferente dos mestres da época, Jesus aceita as mulheres como seguidoras e discípulas (Lc 8,2-3; 10,39). A força libertadora de Deus que age em Jesus, faz com que a mulher se levante e assuma sua dignidade (Lc 13,13). Jesus é sensível ao sofrimento da viúva e se solidariza com sua dor (Lc 7,13). O trabalho da mulher que prepara o alimento é considerado por Jesus como um sinal do Reino (Lc 13,20-21). A viuva persistente que luta por seus direitos é considerada modelo de oração (Lc 18,1-8), e a viúva pobre que partilha o pouco que tem com os outros é modelo de dedicação e de doação (Lc 21,1-4). Numa época em que o testemunho das mulheres não era aceito como válido, Jesus acolhe as mulheres e as considera testemunhas de sua morte (Lc 23,49), da sua sepultura (Lc 23,55-56) e ressurreição (Lc 24,1-11.22-24)

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