1ª Leitura – 1 Coríntios 15, 1-11
O Evangelho pode resumir-se, todo ele, no mistério pascal de Jesus
Cristo. Ele morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para nossa
justificação. S. Paulo sente necessidade de o recordar, de vez em
quando, aos cristãos como fundamento que é da sua fé. E, para que o seu
testemunho seja mais vivo, refere várias
aparições do Senhor ressuscitado, ao tempo de data bem recentes, pois
que ainda vivem algumas testemunhas oculares.
Parece que
circulavam, entre os cristãos de Corinto, dúvidas acerca da verdade da
ressurreição de Cristo, o que punha em causa a integridade da fé e a
unidade da Igreja. Paulo intervém decididamente O evento da ressurreição
é objeto do testemunho apostólico: são muitos, e dignos de fé, aqueles
que viram o sepulcro vazio e o Senhor Ressuscitado. O próprio Paulo fez
experiência do Ressuscitado e, por isso afirma: «pela graça de Deus sou o
que sou» (v. 10). O evento da ressurreição de Jesus entrou na pregação
apostólica. A partir dele os Apóstolos, não só aderiram à novidade de
Cristo com todas as forças, mas fizeram dele sua tarefa missionária. Se
Cristo não tivesse ressuscitado, seria vã a sua pregação e o seu
trabalho, como afirma o Apóstolo. O mesmo evento da ressurreição de
Cristo é objeto direto e imediato da fé dos primeiros cristãos: se
Cristo não tivesse ressuscitado, seria vã a nossa fé – afirma Paulo – e
nós seríamos os mais infelizes do mundo: infelizes porque enganados e
iludidos. É, pois, claro que, ao serviço desta verdade fundamental do
cristianismo, não está só a tradição apostólica, mas também o testemunho
da comunidade crente e de todo o verdadeiro discípulo de Jesus.
Evangelho - Lucas 7, 36-50
Todo este episódio, cujos pormenores se compreendem facilmente no
ambiente das sociedades orientais, mostra como S. Lucas tanto gosta de
pôr em realce a misericórdia de Jesus. Com uma breve parábola, Jesus
mostra a Simão que os seus pensamentos não iam bem orientados; de fato,
não se tratava de Se deixar tocar por uma pecadora, mas de acolher uma
penitente e de lhe dar o perdão. (Esta penitente não deve ser confundida
com Maria, irmã de Marta, nem provavelmente com Maria de Mágdala, a
Madalena).
• O evangelho de hoje nos apresenta o episódio da
mulher com o perfume que foi aceita por Jesus durante uma festa na casa
de Simão, o fariseu. Um dos aspectos da novidade da Boa Nova de Jesus é
sua atitude surpreendente em relação às mulheres. Na época do Novo
Testamento a mulher esta marginalizada. Na sinagoga não participava da
vida pública e não podia testemunhar. Muitas mulheres, porém, resistiam a
esta exclusão. Desde o tempo de Esdras, aumentava a marginalização por
parte das autoridades religiosas (Esd 9,1 a 10,44) e aumentava também a
resistência das mulheres contra a sua exclusão, como vemos nas histórias
de Judite, Ester, Rute, Noemi, Susana, da Sulamita e de outras. Esta
resistência encontrou eco e acolhida em Jesus. No episódio da mulher com
o perfume aparece o inconformismo e a resistência das mulheres na vida
de todo dia e a acolhida por parte de Jesus.
• A situação que
provoca o debate. Três pessoas totalmente diferentes se encontram:
Jesus, Simão o fariseu, um judeu praticante, e a mulher, que se falava
que era pecadora. Jesus encontra-se na casa de Simão que o convidou a
almoçar com ele. A mulher entra, se posiciona aos pés de Jesus, começa a
chorar, banha os pés de Jesus com as lágrimas, solta os cabelos para
enxugar os pés de Jesus, os beija e os unge com o perfume. Soltar os
cabelos em público era um gesto de independência. Jesus não foge, nem
afasta a mulher, mas aprecia o gesto dela.
• A reação do
fariseu e a resposta de Jesus. Jesus estava aceitando uma pessoa, que na
mensalidade da época, não podia ser aceita, sendo pecadora. O fariseu,
observando tudo, critica Jesus e condena a mulher: “Se este homem fosse
um profeta, saberia que tipo de mulher está tocando nele, pois é uma
pecadora”. Jesus utiliza uma parábola para responder à provocação do
fariseu.
• A parábola dos dois devedores. Um devia 500 moedas
de prata, o outro 50. Ninguém dos dois tinha como pagar. Ambos foram
perdoados. Quem dos dois amará mais o credor? Resposta do fariseu: “Acho
que é aquele ao qual perdoou mais!” A parábola supõe que os dois, seja o
fariseu como a mulher, tivessem tido algum favor de Jesus. Na atitude
que os dois assumem diante de Jesus indicam como apreciam o favor
recebido. O fariseu faz ver seu amor, sua gratidão, convidando Jesus
para almoçar com ele. A mulher manifesta seu amor, sua gratidão, através
das lágrimas, os beijos e o perfume.
• A mensagem de Jesus
para o fariseu. Depois de ter recebido a resposta do fariseu, Jesus
aplica a parábola. Também se encontrando na casa do fariseu, convidado
por ele, Jesus não fica acuado e mantém sua liberdade de falar e agir.
Defende a mulher contra a crítica do judeu praticante. A mensagem de
Jesus para os fariseus de todos os tempos é este: “Aquele a quem se
perdoa pouco mostra pouco amor!” Um fariseu pensa que não tem pecado,
porque observa em tudo a lei. A segurança pessoal que eu, fariseu, crio
para mim na observância da lei de Deus e da Igreja, muitas vezes, me
impedem de experimentar a gratuidade do amor de Deus. O que importa não é
a observância da lei em si, mas o amor com o qual observo a lei. E
usando os símbolos do amor da mulher, Jesus dá a resposta ao fariseu que
se considerava em paz com Deus: "tu não me ofereceste água para lavar
os pés; tu não me deste o beijo de saudação, tu não derramaste óleo na
minha cabeça! Simão, apesar do banquete que me ofereceste, tu tens pouco
amor!”
• Palavra de Jesus para a mulher. Jesus declara que a
mulher está perdoada e acrescenta: “Tua fé te salvou. Vai em paz!” Aqui
aparece a novidade da atitude de Jesus. Não condena, mas acolhe. E é a
fé que ajuda a mulher a se encontrar consigo mesma e com Deus. No
encontro com Jesus, uma força nova nasce nela e a faz renascer.
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