quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Meditando a Palavra de Deus - 24ª semana do Tempo Comum - 17.09.2014

1ª Leitura – 1 Coríntios 12, 31 __ 13, 13

Depois de ter falado em vários dons que enriquecem a comunidade da Igreja, o Apóstolo terminava ontem apontando para os dons espirituais mais elevados, palavra que se repete no início desta leitura de hoje. Esses dons mais elevados atingem a sua plenitude na caridade. Ela está acima de tudo, ela é desta vida e entra, como rainha, na vida eterna. Esta leitura é, na realidade, um hino à caridade.

Paulo insere o chamado “Hino do amor” no centro dos capítulos dedicados à relação entre carismas e ministérios. Este hino é, sem dúvida, uma das mais belas páginas das suas cartas e, talvez, de todo o Novo Testamento.

O Apóstolo apresenta, em primeiro lugar, o amor como o maior carisma, como o melhor caminho. Mas o “Hino do amor” não é uma saída espiritual evasiva. Paulo insere-o no concreto de uma vida cristã pessoal e comunitária, que, além de um fundamento, precisa de um centro. É preciso aprender a amar como Deus ama: pelos mesmos motivos, com a mesma intensidade, de modo linear e incondicionado, com uma carga afetiva inesgotável.

Em segundo lugar, os cristãos devem amar como Cristo ama: em total disponibilidade pessoal, em total abertura aos outros, no desejo de caminhar juntos. O amor cristão, ou caridade, por sua natureza, está indissoluvelmente ligado à fé e à esperança. Mas, em relação às outras duas virtudes teologais, o amor é claramente superior, devido à sua origem divina, pela sua carga cristológica e por estar destinado à comunidade.

Evangelho - Lucas 7, 31-35

Com uma pequena parábola, Jesus censura a contradição dos que O não escutam, porque se julgam sempre com razões para se furtarem a escutar a palavra de Deus. As razões mais fúteis são sempre suficientes para pessoas fúteis, e acabam por denotar infantilidade de espírito.

• No evangelho de hoje vemos a novidade da Boa Nova que vai avançado e assim as pessoas agarradas as antigas estruturas da fé sentem-se perdidas e não entendem mais nada da ação de Deus. Para esconder sua falta de abertura e de compreensão eles se defendem e procuram pretextos infantis para justificar sua atitude de não aceitação. Jesus reage com uma parábola para denunciar a incoerência de seus adversários: “Sois semelhantes a crianças que não sabem o que querem!”

• A quem, pois, vos compararei? Jesus fica impressionado com a reação das pessoas e diz: “Com quem hei de comparar os homens desta geração? Com quem eles se parecem?” Quando uma coisa é evidente e as pessoas, ou por ignorância ou por má vontade, não percebem e nem querem perceber, é bom encontrar uma comparação evidente que lhes revele a incoerência e a má vontade. E Jesus é mestre em encontrar comparações que falam sozinhas.

• Como crianças sem juízo. A comparação que Jesus encontra é esta: Vocês parecem como aquelas «crianças que se sentam nas praças, se dirigem aos colegas, dizendo: “Tocamos flauta para vós e não dançastes; fizemos lamentações e não chorastes!”». Em todo mundo, as crianças mimadas tem a mesma reação. Reclamam quando os outros não fazem e não agem como elas querem. O motivo da queixa de Jesus é a maneira arbitrária como as pessoas no passado reagiram diante de João Batista e como agora reagem diante de Jesus.

• A opinião delas sobre João e Jesus. «Pois veio João Batista, que não comia pão nem bebia vinho, e vós dissestes: “Ele está com um demônio!” Vio o Filho do homem, eu come e bebe, e vós dizeis: “Ele é um comilão e beberrão, amigo dos publicanos e dos pecadores!”». Jesus foi discípulo de João Batista, acreditava nele e se fez batizar por ele. Por ocasião deste batismo no Jordão, teve a revelação do Pai em relação à sua missão de Messias Servo (Mc 1,10). Ao mesmo tempo, Jesus destaca a diferença entre ele e João. João era mais severo, mais ascético, não come, nem bebe. Ficava no deserto e ameaçava o povo com o Juizo Final (Lc 3,7-9). Por isto diziam que tinha um demônio, que era um possesso. Jesus era mais acolhedor, comia e bebia com todos. Ia nas aldeias e entrava nas casas das pessoas simples, acolhia os fiscais e as prostitutas. Por isso diziam que um comilão e um beberão. Também se generalizando suas palavras em relação aos “homens desta geração” (Lc 7,31), provavelmente, Jesus quer se referir à opinião das autoridades religiosas que não acreditam em Jesus (Mc 11,29-33).

• A conclusão a que Jesus chega é óbvia. E Jesus termina com esta frase: “Mas a sabedoria foi justificada por todos os seus filhos”. A falta de seriedade e de coerência aparece claramente na opinião que as pessoas tem de Jesus e de João. A má vontade é tão evidente que ele não tem necessidade de provas. Isto lembra a resposta de Jó a seus amigos que acreditava ser sábios: “Tomara que calásseis completamente! Seria para vós um ato de sabedoria!” (Jó 13,5).

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