1ª Leitura – 1 Coríntios 12, 31 __ 13, 13
Depois de ter falado em vários dons que enriquecem a comunidade da
Igreja, o Apóstolo terminava ontem apontando para os dons espirituais
mais elevados, palavra que se repete no início desta leitura de hoje.
Esses dons mais elevados atingem a sua plenitude na caridade. Ela está
acima de tudo, ela é desta vida e entra, como rainha, na vida eterna. Esta leitura é, na realidade, um hino à caridade.
Paulo insere o chamado “Hino do amor” no centro dos capítulos dedicados
à relação entre carismas e ministérios. Este hino é, sem dúvida, uma
das mais belas páginas das suas cartas e, talvez, de todo o Novo
Testamento.
O Apóstolo apresenta, em primeiro lugar, o amor
como o maior carisma, como o melhor caminho. Mas o “Hino do amor” não é
uma saída espiritual evasiva. Paulo insere-o no concreto de uma vida
cristã pessoal e comunitária, que, além de um fundamento, precisa de um
centro. É preciso aprender a amar como Deus ama: pelos mesmos motivos,
com a mesma intensidade, de modo linear e incondicionado, com uma carga
afetiva inesgotável.
Em segundo lugar, os cristãos devem amar
como Cristo ama: em total disponibilidade pessoal, em total abertura aos
outros, no desejo de caminhar juntos. O amor cristão, ou caridade, por
sua natureza, está indissoluvelmente ligado à fé e à esperança. Mas, em
relação às outras duas virtudes teologais, o amor é claramente superior,
devido à sua origem divina, pela sua carga cristológica e por estar
destinado à comunidade.
Evangelho - Lucas 7, 31-35
Com
uma pequena parábola, Jesus censura a contradição dos que O não
escutam, porque se julgam sempre com razões para se furtarem a escutar a
palavra de Deus. As razões mais fúteis são sempre suficientes para
pessoas fúteis, e acabam por denotar infantilidade de espírito.
• No evangelho de hoje vemos a novidade da Boa Nova que vai avançado e
assim as pessoas agarradas as antigas estruturas da fé sentem-se
perdidas e não entendem mais nada da ação de Deus. Para esconder sua
falta de abertura e de compreensão eles se defendem e procuram pretextos
infantis para justificar sua atitude de não aceitação. Jesus reage com
uma parábola para denunciar a incoerência de seus adversários: “Sois
semelhantes a crianças que não sabem o que querem!”
• A quem,
pois, vos compararei? Jesus fica impressionado com a reação das pessoas e
diz: “Com quem hei de comparar os homens desta geração? Com quem eles
se parecem?” Quando uma coisa é evidente e as pessoas, ou por ignorância
ou por má vontade, não percebem e nem querem perceber, é bom encontrar
uma comparação evidente que lhes revele a incoerência e a má vontade. E
Jesus é mestre em encontrar comparações que falam sozinhas.
•
Como crianças sem juízo. A comparação que Jesus encontra é esta: Vocês
parecem como aquelas «crianças que se sentam nas praças, se dirigem aos
colegas, dizendo: “Tocamos flauta para vós e não dançastes; fizemos
lamentações e não chorastes!”». Em todo mundo, as crianças mimadas tem a
mesma reação. Reclamam quando os outros não fazem e não agem como elas
querem. O motivo da queixa de Jesus é a maneira arbitrária como as
pessoas no passado reagiram diante de João Batista e como agora reagem
diante de Jesus.
• A opinião delas sobre João e Jesus. «Pois
veio João Batista, que não comia pão nem bebia vinho, e vós dissestes:
“Ele está com um demônio!” Vio o Filho do homem, eu come e bebe, e vós
dizeis: “Ele é um comilão e beberrão, amigo dos publicanos e dos
pecadores!”». Jesus foi discípulo de João Batista, acreditava nele e se
fez batizar por ele. Por ocasião deste batismo no Jordão, teve a
revelação do Pai em relação à sua missão de Messias Servo (Mc 1,10). Ao
mesmo tempo, Jesus destaca a diferença entre ele e João. João era mais
severo, mais ascético, não come, nem bebe. Ficava no deserto e ameaçava o
povo com o Juizo Final (Lc 3,7-9). Por isto diziam que tinha um
demônio, que era um possesso. Jesus era mais acolhedor, comia e bebia
com todos. Ia nas aldeias e entrava nas casas das pessoas simples,
acolhia os fiscais e as prostitutas. Por isso diziam que um comilão e um
beberão. Também se generalizando suas palavras em relação aos “homens
desta geração” (Lc 7,31), provavelmente, Jesus quer se referir à opinião
das autoridades religiosas que não acreditam em Jesus (Mc 11,29-33).
• A conclusão a que Jesus chega é óbvia. E Jesus termina com esta
frase: “Mas a sabedoria foi justificada por todos os seus filhos”. A
falta de seriedade e de coerência aparece claramente na opinião que as
pessoas tem de Jesus e de João. A má vontade é tão evidente que ele não
tem necessidade de provas. Isto lembra a resposta de Jó a seus amigos
que acreditava ser sábios: “Tomara que calásseis completamente! Seria
para vós um ato de sabedoria!” (Jó 13,5).
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