terça-feira, 16 de setembro de 2014

Meditando a Palavra de Deus -24ª semana do Tempo Comum - 16.09.2014

1ª Leitura – 1 Coríntios 12, 12-14.27-31a

É esta leitura uma das passagens da Sagrada Escritura mais expressivas sobre certos aspectos do mistério da Igreja: ela é um corpo uno e diversificado nos seus membros; ela é o Corpo de que Cristo é a cabeça; é um corpo uno, porque todos somos membros da mesma Cabeça, Cristo, e somos vivificados pelo mesmo Espírito, o Espírito Santo de Deus; é um corpo diversificado, porque a cada membro compete uma função própria, todas em ordem ao crescimento da mesma Igreja. Assim, em todos e cada um se manifesta a presença e a ação do mesmo Espírito e a unidade em Cristo de todos os membros.

O Apóstolo tratou dos sacramentos do batismo e da eucaristia, como eventos centrais na vida dos cristãos. Agora, dedica três capítulos da sua carta à problemática das relações entre carismas e ministérios na comunidade, questão muito viva na comunidade de Corinto, mas sempre mais ou menos presente na vida da Igreja.

Logo no começo do capítulo 12, Paulo afirma que a autenticidade dos carismas depende da pureza da profissão de fé: «Ninguém, falando sob a ação do Espírito Santo, pode dizer: «Jesus seja anátema», e ninguém pode dizer: «Jesus é Senhor», senão pelo Espírito Santo» (vv. 1-3). Há pluralidade de carismas, mas uma só fonte: a Trindade (vv. 4-6). Logo depois, o Apóstolo afirma que a manifestação do Espírito, por meio dos vários carismas, é dada a cada um para o bem de toda a comunidade. E começa o discurso mais genuinamente teológico. Paulo quer fazer compreender que os dons que recebemos e os serviços que somos chamados a prestar têm o seu fundamento na graça que recebemos por meio dos sacramentos, em força dos quais formamos um só corpo, o corpo de Cristo que é a Igreja. Todos, de fato, «fomos batizados para formar um só corpo, judeus e gregos, escravos ou livres, e todos bebemos de um só Espírito» para formar um só corpo (v. 139.

A unidade não exclui a diversidade dos membros, dos dons, dos ministérios, mas garante-a e exalta-a reconduzindo-a à sua fonte divina, à Trindade, e orientando-a para o bem da comunidade eclesial.

Evangelho - Lucas 7, 11-17

Jesus ressuscita um morto, como, no Antigo Testamento, o tinham feito Elias e Eliseu. Assim, Jesus Se manifesta grande profeta, como a multidão acaba por reconhecer. Na sua pessoa, Deus está presente no meio do seu povo, numa visita de salvação e, nesta ressurreição, Jesus adianta um sinal da sua futura ressurreição.

• O evangelho de hoje nos apresenta o episódio da ressurreição da viúva de Naim. O contexto literário do capítulo 7 de Lucas nos ajuda a entender este episódio. O evangelista quer demonstrar que Jesus abre o caminho, revelando a novidade de Deus que nos é apresentada no anúncio da Boa Nova. E assim acontecem a transformação e a abertura: Jesus acolhe o pedido de um estrangeiro, um não judeu, aliás de um representante da nação opressora (Lc 7,1-10) e ressuscita o filho de uma viúva (Lc 7,11-17). O jeito com o qual Jesus revela o Reino surpreende os irmãos judeus que não estavam acostumados a tamanha abertura. Até João Batista fica surpreso e manda perguntar: “É ele o Senhor ou devemos esperar outro?” (Lc 7,18-30). Jesus denuncia a incoerência de seus concidadãos: “São semelhantes a crianças que brincam na rua gritando uns aos outros: Tocamos a flauta e não dançastes; cantamos um lamento e não chorastes!” (Lc 7,31-35). E, por fim, a abertura de Jesus às mulheres (Lc 7,36-50).

• Lucas 7, 11-12: O encontro das duas procissões. Jesus visita uma cidade chamada Naim. “E caminhava com seus discípulos e uma grande multidão. Quando estava perto da porta da cidade, eis que estava sendo levado ao cemitério um morto, filho único de mãe viúva; e muitas pessoas da cidade estavam com ela”. Lucas é como um pintor. Com poucas palavras consegue traçar um quadro muito bonito sobre o encontro destas duas procissões: a procissão da morte que sai da cidade e acompanha a viúva que leva seu filho único ao sepulcro; a procissão da vida que entra na cidade e acompanha Jesus. As duas se encontram na pequena praça diante da porta da cidade de Naim.

• Lucas 7, 13: A compaixão entra em ação. “Vendo-a, Jesus teve compaixão e lhe disse: ‘Não chores!’” É a compaixão que leva Jesus a falar e a agir. Compaixão significa literalmente “sofrer com”, assumir a dor da outra pessoa, identificar-se com ele, sentir com ele a dor. É a compaixão que leva a agir em Jesus o poder, o poder da vida sobre a morte, o poder criador.

• Lucas 14-15: “Garoto, digo a ti, levanta-te!”. “Jesus se aproxima do esquife e diz: ‘Garoto, digo a ti, levanta-te!’ E o morto se levantou, sentou-se e começou a falar. E Jesus o entregou à mãe”. Às vezes, no momento de uma grande dor causada pela morte de uma pessoa amada, as pessoas dizem: “Na época de Jesus, quando Ele andava sobre esta terra havia esperança de não perder uma pessoa amada porque Jesus podia ressuscitá-la”. Estas pessoas consideram o episódio da ressurreição do filho da viúva de Naim como algo do passado que dá saudades e também desperta uma ponta de inveja. A intenção do evangelho não é de despertar a saudade ou a inveja, mas nos ajudar a experimentar melhor a presença viva de Jesus em nosso meio. É o próprio Jesus, capaz de vencer a morte e a dor da morte que continua vivo em nosso meio. Ele está conosco hoje e diante dos problemas da dor que nos derrubam, no diz: “Estou falando contigo, levanta-te!”

• Lucas 7, 16-17: A repercussão. “Todos foram tomados de espanto e glorificavam a Deus dizendo: ‘Um grande profeta apareceu entre nós e Deus visitou seu povo’. A fama destes fatos se espalhou em toda a Judeia e por toda a região”. É o profeta que foi anunciado por Moisés (Dt 18,15). O Deus que vem nos visitar é o “Pai dos órfãos e o protetor das viúvas” (Sl 68,6; cfr. Jt 9,11).

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