1ª Leitura – 1 Coríntios 12, 12-14.27-31a
É esta leitura uma das passagens da Sagrada Escritura mais expressivas
sobre certos aspectos do mistério da Igreja: ela é um corpo uno e
diversificado nos seus membros; ela é o Corpo de que Cristo é a cabeça; é
um corpo uno, porque todos somos membros da mesma Cabeça, Cristo, e
somos vivificados pelo mesmo Espírito, o
Espírito Santo de Deus; é um corpo diversificado, porque a cada membro
compete uma função própria, todas em ordem ao crescimento da mesma
Igreja. Assim, em todos e cada um se manifesta a presença e a ação do
mesmo Espírito e a unidade em Cristo de todos os membros.
O
Apóstolo tratou dos sacramentos do batismo e da eucaristia, como eventos
centrais na vida dos cristãos. Agora, dedica três capítulos da sua
carta à problemática das relações entre carismas e ministérios na
comunidade, questão muito viva na comunidade de Corinto, mas sempre mais
ou menos presente na vida da Igreja.
Logo no começo do
capítulo 12, Paulo afirma que a autenticidade dos carismas depende da
pureza da profissão de fé: «Ninguém, falando sob a ação do Espírito
Santo, pode dizer: «Jesus seja anátema», e ninguém pode dizer: «Jesus é
Senhor», senão pelo Espírito Santo» (vv. 1-3). Há pluralidade de
carismas, mas uma só fonte: a Trindade (vv. 4-6). Logo depois, o
Apóstolo afirma que a manifestação do Espírito, por meio dos vários
carismas, é dada a cada um para o bem de toda a comunidade. E começa o
discurso mais genuinamente teológico. Paulo quer fazer compreender que
os dons que recebemos e os serviços que somos chamados a prestar têm o
seu fundamento na graça que recebemos por meio dos sacramentos, em força
dos quais formamos um só corpo, o corpo de Cristo que é a Igreja.
Todos, de fato, «fomos batizados para formar um só corpo, judeus e
gregos, escravos ou livres, e todos bebemos de um só Espírito» para
formar um só corpo (v. 139.
A unidade não exclui a diversidade
dos membros, dos dons, dos ministérios, mas garante-a e exalta-a
reconduzindo-a à sua fonte divina, à Trindade, e orientando-a para o bem
da comunidade eclesial.
Evangelho - Lucas 7, 11-17
Jesus ressuscita um morto, como, no Antigo Testamento, o tinham feito
Elias e Eliseu. Assim, Jesus Se manifesta grande profeta, como a
multidão acaba por reconhecer. Na sua pessoa, Deus está presente no meio
do seu povo, numa visita de salvação e, nesta ressurreição, Jesus
adianta um sinal da sua futura ressurreição.
• O evangelho de
hoje nos apresenta o episódio da ressurreição da viúva de Naim. O
contexto literário do capítulo 7 de Lucas nos ajuda a entender este
episódio. O evangelista quer demonstrar que Jesus abre o caminho,
revelando a novidade de Deus que nos é apresentada no anúncio da Boa
Nova. E assim acontecem a transformação e a abertura: Jesus acolhe o
pedido de um estrangeiro, um não judeu, aliás de um representante da
nação opressora (Lc 7,1-10) e ressuscita o filho de uma viúva (Lc
7,11-17). O jeito com o qual Jesus revela o Reino surpreende os irmãos
judeus que não estavam acostumados a tamanha abertura. Até João Batista
fica surpreso e manda perguntar: “É ele o Senhor ou devemos esperar
outro?” (Lc 7,18-30). Jesus denuncia a incoerência de seus concidadãos:
“São semelhantes a crianças que brincam na rua gritando uns aos outros:
Tocamos a flauta e não dançastes; cantamos um lamento e não chorastes!”
(Lc 7,31-35). E, por fim, a abertura de Jesus às mulheres (Lc 7,36-50).
• Lucas 7, 11-12: O encontro das duas procissões. Jesus visita uma
cidade chamada Naim. “E caminhava com seus discípulos e uma grande
multidão. Quando estava perto da porta da cidade, eis que estava sendo
levado ao cemitério um morto, filho único de mãe viúva; e muitas pessoas
da cidade estavam com ela”. Lucas é como um pintor. Com poucas palavras
consegue traçar um quadro muito bonito sobre o encontro destas duas
procissões: a procissão da morte que sai da cidade e acompanha a viúva
que leva seu filho único ao sepulcro; a procissão da vida que entra na
cidade e acompanha Jesus. As duas se encontram na pequena praça diante
da porta da cidade de Naim.
• Lucas 7, 13: A compaixão entra em
ação. “Vendo-a, Jesus teve compaixão e lhe disse: ‘Não chores!’” É a
compaixão que leva Jesus a falar e a agir. Compaixão significa
literalmente “sofrer com”, assumir a dor da outra pessoa, identificar-se
com ele, sentir com ele a dor. É a compaixão que leva a agir em Jesus o
poder, o poder da vida sobre a morte, o poder criador.
• Lucas
14-15: “Garoto, digo a ti, levanta-te!”. “Jesus se aproxima do esquife e
diz: ‘Garoto, digo a ti, levanta-te!’ E o morto se levantou, sentou-se e
começou a falar. E Jesus o entregou à mãe”. Às vezes, no momento de uma
grande dor causada pela morte de uma pessoa amada, as pessoas dizem:
“Na época de Jesus, quando Ele andava sobre esta terra havia esperança
de não perder uma pessoa amada porque Jesus podia ressuscitá-la”. Estas
pessoas consideram o episódio da ressurreição do filho da viúva de Naim
como algo do passado que dá saudades e também desperta uma ponta de
inveja. A intenção do evangelho não é de despertar a saudade ou a
inveja, mas nos ajudar a experimentar melhor a presença viva de Jesus em
nosso meio. É o próprio Jesus, capaz de vencer a morte e a dor da morte
que continua vivo em nosso meio. Ele está conosco hoje e diante dos
problemas da dor que nos derrubam, no diz: “Estou falando contigo,
levanta-te!”
• Lucas 7, 16-17: A repercussão. “Todos foram
tomados de espanto e glorificavam a Deus dizendo: ‘Um grande profeta
apareceu entre nós e Deus visitou seu povo’. A fama destes fatos se
espalhou em toda a Judeia e por toda a região”. É o profeta que foi
anunciado por Moisés (Dt 18,15). O Deus que vem nos visitar é o “Pai dos
órfãos e o protetor das viúvas” (Sl 68,6; cfr. Jt 9,11).
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