Quando observamos todos os acontecimentos narrados no momento em que
Jesus estava para morrer, percebemos que os discípulos estavam
assustados e medrosos com tudo o que havia acontecido na Semana Santa.
Pedro chega até a negar Jesus. Porém, nesses dias, vemos, nos Atos dos
Apóstolos, discípulos tomados de coragem, porque viram Jesus
ressuscitado.
Tudo isso não acontece logo após a ressurreição de Jesus, mas depois
que eles vivem uma experiência com Ele. A partir de então, podemos
observar que o Evangelho de hoje nos fala das coisas que são do Alto e
que são da Terra.
O caminho é este que Pedro diz aos judeus. Este discípulo afirma que é
preciso obedecer antes a Deus do que ao homem. Precisamos aprender a
compreender aquilo que é natural em nossa vida e aquilo que é
sobrenatural.
O que é de Deus vai sendo construído em nossa vida aos poucos. À
medida que amadurecemos aquilo que é do Senhor, Sua Palavra vai ganhando
força e consistência dentro de nós. Os discípulos viveram três anos com
Jesus, viram Ele morrer, ressuscitar e subir aos Céus, mas, ainda
assim, tiveram dificuldades em viver o que era necessário.
E o que é o amor a Deus senão a obediência? É importante deixarmos
que o Senhor entre em nosso coração para descobrirmos que ainda não
crescemos. Sempre há coisas para serem acertadas dentro de nós, e só
conseguiremos prosseguir se cuidarmos das pequenas conversões.
O Espírito Santo é dado àquele que, realmente, obedece ao Senhor; e
Ele se interessa pelos pequenos detalhes. Para uma pessoa matar a outra,
por exemplo, muitas coisas aconteceram antes desse fato. Um erro grande
é precedido de pequenos erros.
As coisas pequenas podem impedir que Deus haja com perfeição em nossa
vida. Cometemos “errinhos” aqui e ali e acabamos nos acostumando com
isso. As pessoas ao nosso redor começam a se incomodar e surgem os
conflitos. A convivência fica comprometida.
O ideal é que não cheguemos a esse ponto. Deus não quer ficar
arrumando as coisas em nossa vida, Ele quer fazer coisas novas. É certo
que vamos errar, e quando isso ocorrer, será necessário nos confessarmos
e começarmos de novo. O que não dá é para parar no pecado.
Deus tem coisas grandes para nós, mas a maioria dessas coisas vem a nós de pouco em pouco.
Vivendo num mundo de pecado, acreditamos que não seremos atingidos,
porque estamos com Deus, mas isso não é verdade. Você acha que o
mosquito da dengue não vai chegar perto de você nem o picar, porque você
é de Deus? Claro que não é assim! As coisas não acontecem desse jeito.
Nossa fé não é um antídoto contra os problemas.
Vamos viver da mesma forma que os outros vivem, exceto no pecado. É a
essa vida que o Senhor nos chama. O que temos de diferente das outras
pessoas é o fato de o Senhor dar sentido à nossa vida. Quem está preso
na terra, enxerga as coisas da terra; mas nós, que nascemos da graça de
Deus, precisamos levantar os nossos olhos para o Senhor e viver com Ele.
Devemos andar para frente, na certeza de que lá há algo nos
esperando. A tendência normal do mundo é fazer com que a nossa visão vá
baixando, baixando, baixando… E quando nos damos conta, não vemos mais
nada. O que a tentação quer é fazer com que desanimemos e entreguemos os
pontos, mas não é essa a intenção de Deus. O Senhor quer nos tirar das
situações ruins para nos colocar na vontade d’Ele.
Existem coisas em nossa vida que precisamos cultivar todos os dias
para não as perder; o relacionamento com Deus é uma delas. Se o Senhor
nos pede para mudar algo, mudemos. A perseverança é construída a partir
de coisas pequenas, tão pequenas como a engrenagem de um relógio de
pulso, mas é o que o fazem funcionar.
Não podemos nos esmerar em algo e, no meio do caminho, outras coisas
tomarem espaço em nós a ponto de nos esquecermos do que começamos.
Trabalhamos para dar boas condições às nossas famílias, mas nos
apaixonamos pelo trabalho e a esquecemos. O mesmo pode acontecer quando
vamos à igreja, quando lá vamos demais, e nos esquecemos de ficar em
casa. Cuidado! Remédio demais mata.
Existem duas formas de olhar a vida: a terrena, quando todas as
pessoas precisam se sentir realizadas, grandes e ter mais condições, e a
forma celeste, que é olhar com santidade para as pessoas sem sentir
alegria pelos sofrimentos delas, e ter um coração humilde. Essa é a
vontade de Deus, que nós aceitemos o que Ele nos deu.
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