Ele,
que é Rei, Mestre e Senhor, deseja ser para nós amigo e esposo, por
isso, pode chegar naquele momento em que não esperamos e nos pedir para
começar tudo de novo.
Nos momentos mais inesperados ou corriqueiros do nosso dia, o Senhor
vem ao nosso encontro. Ele nos procura onde nós estivermos e não espera
que nos preparemos para recebê-lo, como se fosse uma visita. Ele, que é
Rei, Mestre e Senhor, deseja ser para nós amigo e esposo, por isso, pode
chegar naquele momento em que não esperamos e nos pedir para começar
tudo de novo; como fez com Pedro, que tinha passado a noite no lago,
pescando, e não conseguiu pegar nenhum peixe (cf. Lc 5,1-11). Jesus
aproximou-se, com a multidão que o comprimia, subiu na barca de Pedro e
pediu-lhe que a afastasse um pouco da beira do lago, para poder falar ao
povo. Quando terminou de falar, pediu a Pedro que lançasse as redes
para a pesca. Este tentou argumentar, afinal era um pescador experiente e
sabia que o lago “não estava pra peixe”.
No entanto, a voz do Senhor ecoou no coração daquele pescador e o fez
esquecer o cansaço e o fracasso da noite, e tomar novo ânimo para
recomeçar todo o trabalho: “Por causa da tua palavra eu vou lançar as
redes”. Observemos que Jesus não garantiu a Pedro que faria uma pesca
abundante, além disso, a experiência da noite anterior poderia fazer-lhe
duvidar daquela ordem. A resposta de Pedro, porém, foi um ato de fé.
Precisamos desta coragem! Precisamos da coragem de abandonar nossas
“certezas” e seguranças e começar tudo de novo, ou mudar de direção,
quando o Senhor nos pedir. Enquanto não formos capazes de entregar a
Jesus o controle da nossa vida, permaneceremos num diálogo superficial, e
a isto chamaremos de oração.
Vida e oração
Aquele a quem adoramos quer estar conosco além das paredes da capela.
Aquele que comungamos quer tocar, não o nosso estômago, e sim a nossa
alma. Desejamos viver uma íntima comunhão com Jesus, e, muitas vezes,
sentimo-nos distantes. Pode ser que haja uma certa dicotomia entre a
nossa vida e a nossa oração. Os verdadeiros contemplativos realizam
todas as atividades do seu dia na presença do Senhor: seja no trabalho,
na faculdade, ou na feira, sempre agem como se estivessem diante do
Santíssimo: inteiros! Isso porque a sua única preocupação é responder ao
Senhor que lhes fala, de diversas formas, durante o seu dia. É isso que
devemos viver a cada instante. Nossos atos devem ter o mesmo conteúdo
daquele encontro, a mesma comunhão de amor, o mesmo desejo de doação. Os
nossos atos devem ser resposta a Deus, que nos pede algo.
Enquanto na oração recebemos de Deus graças, consolo, forças, cura,
alegria e paz, durante nossos trabalhos temos a oportunidade de amá-lo,
concretamente, usando os muitos dons que Ele nos dá. E quando doamos e
nos doamos, compreendemos que somos nós que recebemos bem mais; como
Pedro, que ao lançar as redes, as viu quase se romperem, tamanha era a
quantidade de peixes. Esta experiência nos faz crescer na fé e no
conhecimento de Deus, então compreenderemos que aquilo que Ele nos pede é
um “pretexto” para poder doar-se mais a nós. À medida que acolhemos o
seu pedido, somos nós que recebemos infinitamente mais do que aquilo que
ofertamos!
Se Pedro, com os seus esforços pessoais, com o seu conhecimento e
experiência de pescador, tivesse realizado uma pesca maravilhosa naquela
noite, sua barca não estaria vazia quando o Senhor se aproximou do
lago. Mas, ao contrário do desejado, Pedro estava cansado e, certamente,
chateado por ter se fatigado em vão. Não esperava mais nada. Jesus
veio, porém, e o surpreendeu com a sua misericórdia! E assim Ele faz
conosco. Devemos estar atentos, porque a sua voz é suave como o murmúrio
de uma brisa suave (cf. 1Rs 19,12), e só os corações atentos a
escutarão.
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