Que nosso coração seja movido pela misericórdia
Não podemos ser rigoristas com a vida, temos de ser corretos e justos,
porque o rigorismo não nos leva a nada, mas a misericórdia sim
“Quero a misericórdia e não o sacrifício” (Mateus 12, 6).
Jesus está passando, com Seus discípulos, no meio de uma plantação num
dia de sábado, e é incomodado pelos fariseus que, na verdade, querem
tratar uma questão com Ele: “Olha, Seus discípulos estão fazendo aquilo
que não é permitido no dia de sábado!”.
Jesus escuta com muita
atenção; ao mesmo tempo, vê a maldade que há na colocação feita pelos
fariseus. Na verdade, querem colocá-Lo numa situação difícil, porque,
para eles, o que importa é observar a Lei pela Lei. No que diz respeito
ao templo e ao sábado, como os fariseus são rigoristas!
Como
Jesus e Seus discípulos estão, num dia de sábado, arrancando espigas
para comer, para saciar a fome? O Senhor vai às Escrituras e mostra
situações onde o sábado não foi violado nem transgredido, mas observado
de forma mais humana, deixando de lado até a prescrição rigorosa da
coisa.
Sabe, meus irmãos, não podemos ser rigoristas com a vida,
temos de ser corretos e justos, porque o rigorismo não nos leva a nada,
mas a misericórdia sim.
“Misericórdia” quer dizer cuidado,
delicadeza e atenção com a situação do outro. Conseguimos, muitas vezes,
viver uma coisa, somos muito justos em observar, mas pode ser que o
outro não consiga ser assim ainda. Misericórdia significa ter pedagogia
com o outro.
Às vezes, duas crianças estão com a mesma idade: uma
aprende a ler, mas a outra não; uma aprende a andar, mas a outra não;
uma já está correndo, mas a outra está devagar. O que custa ensinar à
que já sabe correr a andar devagar para acompanhar aquela que não sabe
andar com os mesmos passos? O que nos custa, às vezes, fazermo-nos um
com o outro na situação de penúria que ele está vivendo?
Não
precisamos ser melhores ou demonstrar que somos mais capazes do que o
outro. A misericórdia é saber acompanhar o passo do outro, é saber ver a
situação em que ele vive e está, e ser movido por um coração que
compreende essa miséria.
Deus não nos olha com o olhar de Deus,
mas a partir da nossa condição humana. Ele desce da Sua condição divina e
se faz um de nós para olhar o nosso ser vulnerável, para olhar a nossa
pobreza e de nós ter misericórdia.
Como precisamos, muitas vezes,
descer do sapato, descer do trono, vestir a sandália, a roupa da
humildade para nos fazer um com o outro. Não deixe a presunção, a
vanglória, o orgulho e a soberba colocarem-no melhor que os outros. Não
julgue, não condene, mas acolha, ame aquele que está numa situação que
exige mais amor e misericórdia!
Eu não quero o sacrifício, mas a
misericórdia, pois ela e o amor para com o próximo valem mais do que
milhões de sacrifícios que podemos fazer para parecermos mais justos e
agradáveis aos olhos de Deus.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
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